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João Rendeiro já está no tribunal para audiência sobre a extradição
O antigo presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro regressou esta sexta-feira ao tribunal de Verulam para o início do julgamento do processo de extradição para Portugal, após alguns dias marcados por problemas de saúde.

O ex-banqueiro teve febre e foi visto na quarta-feira por uma enfermeira na prisão de Westville, em Durban, África do Sul. A advogada June Marks criticou a ausência de uma assistência médica mais abrangente por parte das autoridades locais, face à existência de um problema de coração.
“Não sabemos o que o causou e não pudemos obter cuidados médicos adequados. Só lhe deram alguns comprimidos”, disse à Lusa a mandatária de João Rendeiro, lamentando que não tenha sido realizado um teste de detecção do vírus SARS-CoV-2.
“Deveria ter havido um teste, mas eles não lhe fizeram nenhum teste”, disse, notando que o antigo líder do BPP tinha as duas doses da vacina contra a covid-19, mas não levou uma dose de reforço.
A PGR informou na última semana que estava a ponderar o envio de uma equipa de magistrados, mas não voltou a adiantar mais informações sobre este tema. No entanto, a advogada de João Rendeiro prometeu opor-se à presença desta equipa de magistrados portugueses, referindo que o Ministério Público sul-africano deve ser independente.
EXCLUSIVO SIC: GUARDAS DA CADEIA DE JOÃO RENDEIRO RELATAM ESQUEMAS DE SUBORNOS
Segurança a troco de subornos. É esta a realidade com que João Rendeiro se depara na prisão de Westville, na África do Sul, segundo os guardas prisionais da cadeia.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
Exclusivo SIC: Guardas da cadeia de João Rendeiro relatam esquemas de subornos
“Quem tem dinheiro, é um rei em qualquer sítio”.
Segurança a troco de subornos. É esta a realidade com que João Rendeiro se depara na prisão de Westville, na África do Sul, segundo os guardas prisionais da cadeia.
Em entrevista exclusiva à SIC, os funcionários falam de um esquema de subornos entre reclusos.
“Há ataques e esfaqueamentos na prisão. Os detidos que querem protecção, têm de pagar. As condições não se alteram porque são iguais para todos. Mas a vida de um detido pode tornar-se mais fácil a troco de dinheiro”, explica, à SIC, um dos guardas prisionais de Westville.
“As condições lá dentro são más. Têm de dormir no chão. Mas penso que ele [João Rendeiro] deve estar a ser bem tratado porque tem dinheiro. Quem tem dinheiro, é um rei em qualquer sítio”, conclui.
Ao que a SIC apurou, João Rendeiro está numa cela com, pelo menos, outros 40 detidos, devido à sobrelotação da prisão de Westville. Tem direito a três refeições por dia, recebe visitas apenas dos advogados e sai para se apresentar em tribunal.
O processo de extradição do antigo presidente do Banco Privado Português começa a ser discutido na sexta-feira, 21 de Janeiro. (SIC Notícias)